terça-feira, 15 de julho de 2014

Transtornos psicológicos causados pela busca do corpo perfeito

      Além das doenças atuais como depressão e síndrome do pânico vem crescendo a procura para tratamentos psicológicos relacionados a obsessão pelo corpo perfeito.
     Homens e mulheres a cada dia buscam atingir a boa forma a qualquer preço, muitos ficam em intermináveis e obsessivas horas “puxando ferro” nas academias de musculação. Outros preferem a comodidade e acabam fazendo cirurgias plásticas como colocar silicone, intervenções no rosto como afinar o nariz, aplicação de botox para retirar rugas.
     Esse problema não seria grave se tanta preocupação com a aparência física não levasse a uma obsessão capaz de escravizar a pessoa e levá-la a situações de risco como desenvolver problemas de saúde e psicológicos.
      A culpa desse escravagismo estético se dá pelo fato da mídia e da sociedade determinarem esses padrões. Em revistas e jornais, o que se vê são fotos de modelos magras, muitas vezes usa-se até meios para apagar qualquer imperfeição.
     Podemos citar alguns reflexos da submissão da felicidade humana ao corpo perfeito, malhado, esculpido, e com músculos bem definidos são: a anorexia e a bulimia, mais comum do lado feminino, e a vigorexia, mais comum em homens. Essa é uma obsessão e/ou dependência ao exercício, em inglês, é um transtorno no qual as pessoas realizam práticas esportivas de forma continua, com uma valorização praticamente religiosa (fanatismo) ou a tal ponto de exigir constantemente seu corpo sem importar com eventuais conseqüências ou contra-indicações, mesmo medicamente orientadas. Outro nome para esse quadro e, mais presente nas classificações internacionais é o Transtorno Dismórfico Corporal.
     Mas outros reflexos psíquicos não tão patológicos também fazem parte da obsessão pelo corpo, como a privação de contatos sociais, complexos de inferioridade, submissão aos “tratamentos milagrosos” (e caros), retraimento no contato com o sexo oposto, consumo de medicamentos com severos efeitos colaterais, etc.
     Romper os estereótipos culturais é muito difícil. As pessoas são catalogadas culturalmente e classificadas em categorias sociais; jovens e belas, modernas, avançadas, de atitude, arrojadas, descoladas, enfim, nesse mundo pretensamente liberal e democrático, a sociedade diz respeitar a individualidade e autenticidade, quem não se enquadrar obrigatoriamente no modelo imposto da modernidade desejada estará, automaticamente, excluído do mundo das pessoas aceitas nos grupos de convivência. E um desses modelos implica na observância obsessiva dos limites do peso, tiranamente estabelecido pelo que a mídia e a sociedade impõem. Mas há uma luz (tênue) no fim do túnel e aqueles que conseguem seguir o próprio caminho, emancipados dos estereótipos ou modelos culturais, demonstram viver muito melhor e mais seguras com suas escolhas de vida.



   Em 2010 foi feito um artigo para investigar na literatura os principais motivos de aderência e desistência de brasileiros praticantes de exercícios físicos em academias de ginástica.Trata-se de um estudo de revisão de literatura com caráter qualitativo. Utilizou-se os descritores em ciências da saúde considerados relevantes para busca de estudos empíricos nas bases de dados disponíveis no portal de Periódicos da Capes.



Método utilizado

  Buscou-se sintetizar estudos primários que contém objetivos e métodos claramente explicitados. Deste modo, foram selecionadas pesquisas científicas brasileiras publicadas no período de 1999 a 2008, indexadas nas bases de dados disponíveis no portal de Periódicos da Capes. Utilizaram-se os descritores academias de ginástica (fitness centers), combinados com aderência (adherence) e manutenção (maintenance), para busca de estudos empíricos que investigaram os motivos de aderência e/ou de desistência de praticantes de exercícios físicos em academias de ginástica.
   A busca bibliográfica foi efetuada nos meses de novembro e dezembro de 2008. A partir dos critérios de seleção, foram encontrados 13 estudos que possibilitaram a identificação dos motivos de aderência e 7 estudos com motivos de desistência de brasileiros praticantes de exercícios físicos em academias de ginástica.


Resultados e Discussão
  Os resultados são apresentados em dois quadros, que possibilitam a identificação dos principais motivos de aderência e desistência da prática de exercícios físicos em academias de ginástica. Paralelamente à apresentação dos resultados são realizadas as discussões dos motivos mais relevantes.
  Os motivos de aderência de praticantes de exercícios físicos em academias de ginástica identificados nos estudos são apresentados no quadro 01.
  Os motivos “saúde” e “estética” foram os mais citados para a aderência, seguidos de “resistência, condicionamento e aptidão física”, “bem-estar”, “proximidade da academia da casa ou do trabalho”, “qualidade de vida”, “prazer pelo exercício” e “socialização”.
  No presente estudo identificou-se a “falta de tempo”, “preguiça/falta de motivação”, “distância dos locais de prática”, “custo da mensalidade” e a “baixa qualidade das aulas oferecidas” como os principais motivos de desistência da prática de exercícios físicos em academias de ginástica.
  Tendo os resultados, concluimos que a busca da maioria pela estética aliada à falta de tempo dos usuários contribui muito para o uso de drogas que deixem evidentes os resultados em um curto espaço de tempo

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   Baseando-se nestes dois quadros podemos fazer um link com outra pesquisa referente ao uso de esteróides anabolizantes na cidade de São Paulo.
Pegaremos o autor Tahara et al. (2003) como base para nossa conclusão. Nesta pesquisa a idade dos participantes é de até 24 anos (faixa etária com 2º maior incidência de uso de EAA em São Paulo segundo pesquisa a ser apresentada).

   A pesquisa de Luciana Silvia Maria Franco Silva, Regina Lúcia de Moraes Moreau publicada na Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, feita com 209 pessoas frequentadoras de 3 grandes academias da cidade, indicou que cerca de 19 % dos entrevistados já fizeram uso de drogas ilícitas para crescimento muscular, sendo que, destes, 8% declararam que estavam usando esteróides (usuários) e 11% que já haviam feito uso anteriormente (ex-usuários).

   Dos indivíduos que responderam o questionário, 70% eram do sexo Masculino. Dentre a população total de usuários de EAA, 90% são do sexo masculino. Considerando apenas os homens que responderam o questionário, 24% relatam ter feito uso de EAA considerando as mulheres, a incidência de usuárias é de 7% (quatro usuárias).


   O início do uso de esteróides é observado na população abaixo de 20 anos (5%); este uso aumenta para 18% na faixa etária de 20 a 24 anos que é próxima à percentagem da pesquisa que pegamos para estudo, atingindo a maior incidência na faixa de 25 a 29 anos (46%). Após esta idade, o uso tende a declinar (13%, tanto para a faixa de 30 a 34 anos, como na de 35 a 39 anos e 5% para acima de 40 anos).

   O principal fator que induziu usuários e ex-usuários de esteróides a praticarem musculação foi a possibilidade de melhora na estética corporal (82%), seguido da manutenção da saúde (41%). Não usuários de EAA declararam ter essas mesmas motivações distribuídas entre 69e 67%, respectivamente. A principal motivação para o uso de esteróides também foi a melhoria da aparência, com a mesma incidência de 82%.


   A maioria dos usuários e ex-usuários tem ou teve acesso aos EAA por meio de outro praticante de musculação. Porém, quando é feita a estratificação entre usuário e ex-usuário, percebe-se uma tendência: atualmente, o acesso está mais freqüente por meio da farmácia, sem receita médica. O ex-usuário obtinha preferencialmente por meio de outro praticante de musculação.
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    E isso se dá muito pelos preços de suplementos praticados no Brasil, onde a maioria deles custa até mais de 3 vezes o valor praticado no exterior e a facilidade incrível de se obter drogas ilícitas. O governo também tem uma parcela de culpa muito grande, como em todos os produtos nacionais, a carga tributária sobre os produtos e serviços nacionais é altíssima tornando-os menos acessíveis a população. Com esses valores altíssimos, fica inviável manter uma boa suplementação aliada a uma boa alimentação.

Bibliografias pesquisadas:
R. L. M. Moreau, L. S. M. F. Silva |Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes demusculação de grandes academias da cidade de São Paulo | Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas vol. 39, n. 3, jul./set., 2003
C. M. Liz, T. B. Crocetta, M. S. Viana, R. Brandt & A. Andrade, Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício da Universidade do estado de Santa
Catarina – UDESC, Florianópolis, SC, Brasil


http://vinhafm.com/programas/mesa-dos-notaveis/1582-academia-de-ginastica-tendencia-de-mercado-ou-modismo-passageiro


http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1403188-5605,00-PESQUISA+EM+ACADEMIAS+MOSTRA+QUE+USAM+SUBSTANCIAS+COMO+ANABOLIZANTES.html



http://www.coladaweb.com/drogas/anabolizantes-ou-esteroides-anabolizantes


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed794_o_padrao_de_beleza_imposto_pela_midia


http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/ea000030.pdf

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